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ANTECEDENTES DAS RELAÇÕES BILATERAIS ENTRE BRASIL E NIGÉRIA 
 

   As relações bilaterais entre Brasil e Nigéria iniciaram em 1960, quando o governo brasileiro instalou sua primeira embaixada na África que teve sede na Nigéria. Naquela época, a política externa brasileira possuía caráter independente. O sistema internacional passava por uma série de mudanças que reestruturam estratégias brasileiras de inserção no novo sistema com o intuito de alcançar avanços inicialmente políticos. Contudo, a busca por novos mercados para promoção das vendas dos nossos produtos, passaram a configurar outros interesses nacionais, tais como os econômicos. Entre as mudanças ocorridas naquela época, pode-se citar a queda do sistema financeiro de Bretton Woods, as crises mundiais de petróleo e o surgimento de novos países.

 

    A Nigéria era o principal alvo brasileiro, pois a mesma representava, e ainda representa, um dos principais produtores de petróleo na África. Além disso, o país africano havia declarado sua independência naquele ano e estava em busca do desenvolvimento no setor industrial, de ajuda técnica e financeira. Pode-se dizer que tais relações passaram por várias partes, de esfriamento e impulsos. Elas se intensificaram na década de 70, porém foram retraídas na década de 90, voltando a tomar um salto com o governo Lula a partir de 2003. A articulação dos esforços dos países promoveu a realização da I Cúpula América do Sul – África (ASA), em 2006, na capital nigeriana, Abuja.  

 

    No governo Dilma Rousseff, apesar de um relativo esfriamento, as relações com a Nigéria foram constantes. Houve reuniões com o presidente Goodluck Jonathan sobre formação de novas parcerias nos setores agrícolas, energético, comercial e de defesa. Além disso, a Nigéria tem se mostrado um significativo parceiro político no fortalecimento e diversificação das formas de cooperação Sul-Sul. A cooperação técnica e a aproximação inter-regional configuram alianças seladas por ambos os governos. Como exemplo de tais interações temos a participação na Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS), instrumento de aproximação entre os países da zona sul do mundial, a participação no G20, no qual a proteção da produção agrícola no âmbito da OMC é defendido. Por conseguinte,  a Nigéria tem sido importante parceiro para evoluções no comércio dos países do sul, e na potencializacao das capacidades do Brasil.

 

 

 

 

 

Os ataques do  Boko Haram e a sua interferência nas Relações Brasil-Nigéria

 

     Além dos impactos já conhecidos dos ataques do Boko Haram para a economia nigeriana esses podem ir muito além. Com a crescente atuação do grupo terrorista há uma especulação que a sua área de ataque aumente e caminhe em direção a Lagos e os campos de petróleo do Delta do Níger - as regiões do sul que impulsionam a economia, caso isso aconteça a economia nigeriana será atingida. O impacto das ações do Boko Haram na economia nigeriana pode surtir efeitos na sua relação com o Brasil visto que os países são grandes parceiros comerciais. A moeda nigeriana, o naira, caiu 7,5% em relação ao dólar no ano passado, como a compra de petróleo nigeriano é a maior transação entre os dois países essa queda da moeda favorece o Brasil pois este irá pagar menos nas suas transações, por outro lado caso os ataques do grupo terrorista chegue ao sul da Nigéria onde se encontram as reservas de petróleo, o Brasil pode ser altamente prejudicado perdendo um dos seus grandes fornecedores e nas piores hipóteses precisar encontrar um novo parceiro comercial rompendo assim acordos já estabelecidos.

 

     Recentemente as relações entre os países se intensificaram na área de comércio e investimento. Além disso, uma das estratégias que a embaixada tem usado para o fortalecimento das relações bilaterais foi o incentivo ao intercâmbio de delegações comerciais entre Nigéria e Brasil por meio da prospecção de negócios, desenvolvimento em áreas como petróleo e gás, construção, geração de energia elétrica, fabricação, mineração, bem como o comércio e o turismo. Em 2014 a Nigéria foi reconhecida como a maior economia da África, porem com os crescentes ataques do grupo terrorista Boko Haram foi verificado uma queda esse crescimento.O clima de instabilidade política vivido no país resultou numa queda no investimento direto internacional. De acordo com o World Investment Report (WIR) 2013, os fluxos de IED para a Nigéria caiu de 21,3% em apenas um ano - de US $ 8,9 bilhões em 2011 para US $ 7 bilhões em 2012, e a economia nigeriana é altamente dependente desse investimento pois ele é o responsável pela progressão do crescimento econômico, completa o capital doméstico disponível, estimulando a produtividade dos investimentos domésticos, e existe uma  alta taxa de co-dependência entre as entradas de IED, o setor de petróleo nigeriano, e do PIB do país.

 

      Desde o início de 2000 a relação entre o Brasil e a Nigéria foi baseada em três pontos: o progresso econômico brasileiro; a necessidade do Brasil em relação aos recursos nigerianos e a busca do país africano pelo desenvolvimento socioeconômico. A Nigéria soma mais de 55% das vendas do mercado africano ao Brasil. O principal produto de exportação é o petróleo bruto e produtos relacionados, porém existem pretensões de expansão de diversos tipos de produtos feitos pelos nigerianos. No caso do Brasil, os produtos são principalmente bens industriais, como automóveis e peças de reposição, bem como alguns produtos agrícolas, como arroz e açúcar.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

AKINSUYI, Yemi. Nigeria, Brazil Target N2.844tn Trade Volume by 2015. Disponível em: <http://www.thisdaylive.com/articles/nigeria-brazil-target-n2-844tn-trade-volume-by-2015/140526/>. Acesso em: 25 de nov 2015.

 

ATOYEBI, Afoluke Olabisi. Um estudo das Relações Bilaterais entre o Brasil e a Nigéria sob a estrutura das Relações Sul-Sul. Disponível em: <http://www.iri.usp.br/documentos/defesa_12-06-28_Afoluke_Olabisi_Atoyebi.pdf>. Acesso em: 25 nov 2015.

 

GONÇALVES, Natália Barbosa Argiles. As Relações entre o Brasil e a Nigéria: Cooperação Inter-Regional e criação de novas alternativas aos países do Sul. Disponível em: <http://www.sebreei.eventos.dype.com.br/resources/anais/21/1370922024_ARQUIVO_Natalia-Argiles.BRA-NIG.SEBREEI2013.final.pdf>. Acesso em: 05 nov 2015.

 


 

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