Origem, ideologias e objetivos

 

O Boko Haram foi criado em 2002, em Maiduguri, capital do nordeste do estado de Borno, por um clérico islâmico nomeado Mohammed Yusuf. O nome oficial era Jama’atu Ahlis Sunna Lidda’awati wal-Jihad, que significa “Pessoas Comprometidas com a Propagação dos Ensinamentos do Profeta e Jihad”. Inicialmente, a organização focava na oposição à educação ocidental. Assim, Yusuf criou um complexo religioso, que oferecia uma educação islâmica, contraposta à educação ocidental, tão criticada naquela região da Nigéria. Mais tarde, o centro religioso tornou-se uma ferramenta de recrutamento de jihadistas. A oposição à educação ocidental foi o que gerou o nome Boko Haram, que significa “a educação ocidental é pecado”.

O grupo enfatiza a necessidade de educação islâmica, principalmente, com relação às mulheres. Ele promove a ideia de que o lugar da submissão da mulher na sociedade, de acordo com a visão islâmica. Para impor a ideia, a organização vem realizando o sequestro de várias garotas na Nigéria. O caso mais famoso foi o que ocorreu em abril de 2014, em que o grupo sequestrou cerca de 280 garotas numa escola nigeriana. Algumas das garotas que foram sequestradas prestaram depoimentos narrando situações em que foram estupradas, espancadas e obrigadas a casar-se com militantes.

O objetivo da organização é impor uma aplicação rígida da lei Sharia no país, que é dividido entre uma maioria muçulmana no norte e maioria cristã no sul.

A origem do Boko Haram aparece enraizada nas queixas sobre governança da pobreza e desigualdade na sociedade nigeriana.

“A emergência do Boko Haram exprime a maturação de um antigo impulso extremista que corre profundamente na realidade social do norte da Nigéria. Mas o grupo em si é um efeito e não uma causa; é um sintoma de décadas de um governo falido e uma elite delinquente finalmente amadurecendo no caos social.” (NGWODO, Chris).

Apesar de haver certa união em ideologia, o Boko Haram é um grupo bastante difuso. Alguns militantes dizem ter sido treinados no Irã e são parte de um grupo muçulmano xiita, enquanto outros estavam envolvidos em conflitos na Nigéria e na região do Sahel e se juntaram ao grupo. Yusuf não tinha total controle do grupo e, depois de sua execução, os seguidores se dividiram em pelo menos cinco facções. O sucessor de Yusuf é Abubakar Shekay, que está focado em combater o governo nigeriano em Borno, enquanto outras unidades expandiram seus ataques na Nigéria e conduziram operações limitadas nos vizinhos Camarões e Níger.

O modus operandi do Boko Haram inclui matança brutal e indiscriminada de cristãos e muçulmanos no norte da Nigéria, bombardeio de igrejas e ataques suicida na capital, Abuja. Alguns ataques duraram horas sem nenhuma intervenção militar. A campanha brutal já conta com um ataque suicida no prédio da ONU em Abuja (2001), incêndio de vilas, sequestro de mais de duzentas garotas em Abril deste ano, assassinato de 65 estudantes enquanto eles dormiam em Yobe, assassinatos nas estradas, dentre outros.